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OPINIÃO: Muro da Rua Sete de Setembro

A zona norte da cidade sempre esteve obstaculizada pela via férrea que a separou do contexto urbano pela dificuldade de trânsito. No início da década de 60 , com a ampliação do parque de manobras, a Rua Visconde de Ferreira Pinto foi fechada e o acesso ao Itararé bloqueado. A Rede Ferroviária Federal, pelos seus burocratas, propôs construir uma passarela para pedestres, que não foi aceita pela Câmara de Vereadores. Para aceitação do projeto pelo município, os vereadores exigiram a construção de um viaduto que permitisse a continuidade do tráfego de veículos e pedestres, o que foi feito. Mesmo assim, o acesso à Casa de Saúde pelas ambulâncias e a mobilidade dos moradores do Bairro Perpétuo Socorro continuou sendo um grande problema, pois as manobras dos trens fechavam a passagem de nível da Rua Sete de Setembro por horas, criando grandes protestos dos moradores. Com o crescimento da cidade, o problema foi se agudizando até que, em 2004, no governo de Valdeci de Oliveira, foi elaborado um projeto da construção do túnel da Avenida Rio Branco, viabilizado por verbas federais conseguidas pelo deputado Paulo Pimenta. A Câmara de Vereadores deve ter examinado o projeto e, se o fez, concordou com a alternativa da construção de um muro fechando a Rua Sete.

Faço essa rememoração para dizer que aos burocratas de Brasília pouco se lhes dá se um muro vier a criar um verdadeiro caos no trânsito da cidade e a tramitação do processo pela Justiça também não tem tido a visão do social, baseando-se somente na letra de um acordo leonino, completamente cego aos problemas que viriam no futuro. Quando foi feito o aterro da nova linha que passou pela Vila Salgado Filho, também não foi exigido que se fizesse um túnel atravessando o aterro e mantendo a continuidade da Rua Castro Alves com a Oliveira Mesquita. Mais uma "pixoteada" da administração da época que não previu as dificuldades que se criariam para o trânsito urbano.

Com todas essas dificuldades, a Zona Norte vem sofrendo uma opressão que lhe impede um maior desenvolvimento e prejudicando a qualidade de vida da população que ali vive, tão perto do centro da cidade e tão constrangida por esse isolamento viário.

O problema já deveria ter sido resolvido há décadas, se as administrações e os nossos representantes legislativos tivessem insistido na verdadeira solução que é a retirada da via férrea do centro urbano. No passado, quando o transporte de passageiros era o único meio de transporte existente, havia uma justificativa para que a Estação de Passageiros estivesse no centro da cidade. Esse foi o grande fator de progresso desde o final do século XIX e até as últimas décadas do século XX. Com a melhoria das estradas e o desenvolvimento do transporte rodoviário, mais rápido e mais direto, os trens de passageiros desapareceram, permanecendo somente o transporte de cargas. A própria rede já possui um projeto de construção de um desvio que de Restinga Sêca levará diretamente a Dilermando de Aguiar, encurtando em 25 km esse trajeto que desvia do centro urbano de Santa Maria, passando pela área rural da zona sul.

"Eureka"! Todos esses problemas resolvidos e a cidade interligando todas as ruas que demandam a Zona Norte, reformulando a urbe, valorizando as propriedades e a qualidade de vida. São Gabriel, Cruz Alta, Passo Fundo já fizeram isso há 50 anos. Santa Maria ficou para trás. Faltou-nos determinação para reivindicar, exigir, protestar, mobilizar todas as forças de nossa cidade para alcançar esse objetivo. Ele se encaixa no projeto do Porto Seco que é outra necessidade urgente para uma cidade que se preza, retirando da malha urbana os veículos de carga com altas tonelagens, causadores de um sem número de problemas em nossas ruas.

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